Ah, as peculiaridades da nossa língua. Acho tão legal algumas coisas nela que resolvi comentar. Os enganos, singularidades e regras que ninguém sabe são meu cardápio neste texto.
Primeiro, os enganos. Tenho percebido que muita gente emprega a palavra "luxúria" no sentido de nababesco, de gente que só pensa em viver e exibir uma vida luxuosa e não se importa com a miséria do mundo. Aliás, é feia a palavra e o sentido pejorativo de nababesco, mas gosto desta palavra, rsrs.
O verdadeiro significado de luxúria não tem nada a ver com luxo. É a atração pelos prazeres carnais, lascívia, sensualidade. Ou seja, o pecado da luxúria não está relacionado a riquezas, mas ao sexo promíscuo.
Segundo engano: a palavra "pródigo". A parábola do filho pródigo deixou uma confusão de sentidos, e hoje muita gente pensa que é o filho que vai embora de casa. Pródigo significa esbanjador, que gasta mais do que pode, que gasta irresponsavelmente. Mas a fama de filho "abandonador" (este termo é meu) foi tão grande que pródigo acabou virando sinônimo de "desnaturado".
Agora, as singularidades. Na realidade, uma palavra plural que é singular: "quaisquer". Digam-me se existe outra palavra com o "s" do plural bem no meio. Veja bem: o plural de "qualquer" não é "qualqueres", é "quaisquer", o "s" divide a palavra bem no meio.
Palavras que só falamos no plural há aos montes: óculos, cócegas, parabéns, férias. mas, "quaisquer", desafio a quaisquer uns de vocês a me encontrar outra igual a ela.
Outra singularidade: é possível se escrever um texto perfeitamente compreensìvel apenas com palavras que comecem com a letra "P". Veja este blog e comprove: http://escl79.blogspot.com/2009/05/singularidades-da-lingua-portuguesa.html
Agora, as regras. Ou melhor, a falta delas. Há coisas na língua portuguesa que usamos muito bem sem precisar das regras, porque, quando vamos tentar entendê-las, vai dar é um nó na cabeça e a gente pode acabar desaprendendo. Uma das coisas que mais me encuca: eu sei usar "está" e "estar" mas eu não sei explicar a regra, tenho é preguiça, porque pra mim é uma chatice: tente trocar o infinitivo é blá-blá-blá... A forma flexionada blá-blá-blá. Taí uma coisa que aprendi sem entender a regra, e me fez muito bem. Esta, literalmente, foi uma exceção à REGRA. Falar em exceção, pra quê tanta letra para um fonema só?
Seja bem-vindo
Olá, sou Eduardo de Castro Gomes. Pretendo discutir aqui primordialmente questões sobre redação. Não se trata de um aprofundamento em gramática ou linguística, mas, sim de se abordar temas como a dificuldade e as motivações para escrever, como desenvolver temas, como expor as ideias por escrito, como finalizar um texto, tipos de texto, etc.
Também estão publicadas opiniões e experiências sobre educação, política, sociedade, fé.
Espero que apreciem e que sua visita seja proveitosa.
Obrigado.
18 de mai. de 2012
A maldição do Gerúndio
Sabe aquela coisa que depois de feita, parece não lhe largar?
Alguns dias atrás postei sobre o que eu achava do gerúndio (se quiser, leia aqui: O gerúndio está sangrando). Escrevi que não lembrava de ter ouvido muito as pessoas falarem "vou estar ...ndo", porque eu não ouvia mesmo.
E continuo dizendo: se eu estou dizendo, eu estou dizendo, e, não, "a dizer". Mas, também escrevi que eu prefiro "eu vou estudar", a "eu vou estar estudando". Claro, eu não sou tããão "desgramaticado" assim.
Bom, não sei se foi castigo, mas, de lá pra cá a maldição do Gerúndio me persegue. Quase todo dia agora eu ouço um "estar ...ndo". Agora mesmo, ao telefone, falando com uma atendente da Net, ela me disparou dois "...ndos":
"Vou estar enviando"
e
"O Sr. pode estar confirmando".
Uns dois dias aí, uma atendente de uma universidade me falou outro "estar confirmando", e houve mais uns dois "estar alguma coisa ando", que eu não lembro muito bem...
Acho que nessa sexta-feira vou estar passando na sessão do descarrego!
Já fomos mais inteligentes
Foi o comentário do Carlos Nascimento no Jornal do SBT (clique e veja a matéria) sobre a enxurrada da mídia no tal caso de estupro no BBB, e sobre a Luiza que já voltou do Canadá (país que eu acho um exemplo).
Sem eu ter visto a matéria do Jornal do SBT, postei um comentário no Facebook exatamente a respeito dos dois casos. Disse que, talvez, se o cara do BBB e a Luiza falassem do que fizeram a Cidinha Campos, o Dom Manoel Edmilson da Cruz e a Amanda Gurgel, que não estão no Canadá, estes três conseguiriam ver seus atos surtindo efeito na nação. Pra mim, eles sim, são as celebridades a serem amplamente exploradas pela mídia. Leiam meu texto "retrospectiva 2011", pra ver o que eles fizeram.
O problema é que o povo dá mais ênfase a um texto inócuo de comercial e a um treco do BBB. Muita gente gostaria de ver repercutir até dar resultado no país a coragem do que esses três fizeram, eu sei, mas o que eles fizeram não tem a mesma "graça" da Luiza nem do BBB, não são interessantes para a mídia. Já pensaram se o povo todo se movimentasse num: "Cria vergonha, Brasil", como se movimenta nessas futilidades? A maioria do povo realmente é alienada, ou será que fiquei muito chato?
Sem eu ter visto a matéria do Jornal do SBT, postei um comentário no Facebook exatamente a respeito dos dois casos. Disse que, talvez, se o cara do BBB e a Luiza falassem do que fizeram a Cidinha Campos, o Dom Manoel Edmilson da Cruz e a Amanda Gurgel, que não estão no Canadá, estes três conseguiriam ver seus atos surtindo efeito na nação. Pra mim, eles sim, são as celebridades a serem amplamente exploradas pela mídia. Leiam meu texto "retrospectiva 2011", pra ver o que eles fizeram.
O problema é que o povo dá mais ênfase a um texto inócuo de comercial e a um treco do BBB. Muita gente gostaria de ver repercutir até dar resultado no país a coragem do que esses três fizeram, eu sei, mas o que eles fizeram não tem a mesma "graça" da Luiza nem do BBB, não são interessantes para a mídia. Já pensaram se o povo todo se movimentasse num: "Cria vergonha, Brasil", como se movimenta nessas futilidades? A maioria do povo realmente é alienada, ou será que fiquei muito chato?
11 de mai. de 2012
Haitianos:
sobrevivência não escolhe emprego
Considero que estou vivenciando um momento histórico-social-humanitário na minha cidade. Um fenômeno de imigração que mudou a paisagem humana (se é que existe esse termo) na minha vizinhança: cerca de cinco mil haitianos estão em Manaus. E cada vez chegam mais.
Eles são sobreviventes de um país destruído por um terremoto de dimensões das catástrofes Holywoodianas. Chegam e são acolhidos por uma igreja católica, responsável por "gerenciar" a vida deles por aqui. Parabéns às pessoas da Paróquia de São Geraldo, que estão pondo em prática o que Jesus falou: "fui estrangeiro e me acolheste".
Fico imaginando as imaginações deles. Perderam família, casas, trabalho, escola, tudo. Saíram de uma vida, não sei se boa, mas dramaticamente traumatizada. Fico imaginando, mas contraditoriamente não quero nem pensar o que é viver o que eles viveram por ocasião do terremoto e a expectativa do que a vida vai lhes trazer.
Eles são sobreviventes de um país destruído por um terremoto de dimensões das catástrofes Holywoodianas. Chegam e são acolhidos por uma igreja católica, responsável por "gerenciar" a vida deles por aqui. Parabéns às pessoas da Paróquia de São Geraldo, que estão pondo em prática o que Jesus falou: "fui estrangeiro e me acolheste".
Fico imaginando as imaginações deles. Perderam família, casas, trabalho, escola, tudo. Saíram de uma vida, não sei se boa, mas dramaticamente traumatizada. Fico imaginando, mas contraditoriamente não quero nem pensar o que é viver o que eles viveram por ocasião do terremoto e a expectativa do que a vida vai lhes trazer.
Em Manaus (Foto: Internet)
Lentamente estão conseguindo emprego aqui, já os vemos como frentistas em postos de gasolina, ajudantes de pedreiros, atendentes. Bom é saber que Manaus tem se tornado abrigo, mas algumas coisas me deixam assombrado, quando vejo notícias de desumanidade.
(Foto: Internet)
"Crianças presenciam o estupro de suas mães por coiotes", li em uma manchete na Internet. É de fazer a gente desacreditar no ser humano. Dá vontade de soterrar esses suejitos sob os escombros do Haiti. Só Jesus na minha vida.
E esse não é o único tipo de humilhação sofrida por quem já veio de uma destruição. Dia desses li um comentário sobre os trabalhos que estão sendo conseguidos para os refugiados: "esses haitianos só vieram aqui tomar nossos empregos".
Fiquei indignado, e ao mesmo tempo questionei: se esse cidadão que falou isso mora aqui, não passou por um terremoto, não passou as dificuldades desse povo, e não conseguiu emprego como eles, alguma está errada, e não é com os haitianos.
- É que os haitianos não escolhem empregos - disse a Cleise, minha esposa.
E esse não é o único tipo de humilhação sofrida por quem já veio de uma destruição. Dia desses li um comentário sobre os trabalhos que estão sendo conseguidos para os refugiados: "esses haitianos só vieram aqui tomar nossos empregos".
Fiquei indignado, e ao mesmo tempo questionei: se esse cidadão que falou isso mora aqui, não passou por um terremoto, não passou as dificuldades desse povo, e não conseguiu emprego como eles, alguma está errada, e não é com os haitianos.
- É que os haitianos não escolhem empregos - disse a Cleise, minha esposa.
No Haiti (Foto: Internet)

Em Manaus (Foto: Diario do Amazonas - D24AM)
Com certeza. Estou literalmente vendo isso: Quase todos os dias eles estão com suas pastinhas de documentos andando pra lá e pra cá, num reinício de vida. Mas não vejo ninguém da terra fazendo o mesmo.Em Manaus (Foto: Diario do Amazonas - D24AM)
Enquanto muita gente aqui se queixa de não arranjar um emprego, mas "não aceita qualquer um", aquele povo, que sabe o que é "sofrimento coletivo", está vindo, conseguindo suas carteiras de trabalho e construindo uma nova vida. De qualquer forma, por ser uma cidade que está acolhendo os haitianos, parabéns, Manaus. Esperemos que todos tenhamos uma vida mais digna
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