Seja bem-vindo

Olá, sou Eduardo de Castro Gomes. Pretendo discutir aqui primordialmente questões sobre redação. Não se trata de um aprofundamento em gramática ou linguística, mas, sim de se abordar temas como a dificuldade e as motivações para escrever, como desenvolver temas, como expor as ideias por escrito, como finalizar um texto, tipos de texto, etc.
Também estão publicadas opiniões e experiências sobre educação, política, sociedade, fé.
Espero que apreciem e que sua visita seja proveitosa.
Obrigado.

2 de jul. de 2012

Motivação na pesquisa acadêmica: uma opção metodológica

Márcia Daniella Souza dos Santos 
Mestre em Ciências da Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pesquisadora bolsista do Centro de Educação a Distância (CED) da Ufam.


Artigo publicado na revista Dialogica volume 1 número 6, da Faculdade de Educação da Ufam.

Este trabalho se propõe a discutir a importância da motivação no processo de pesquisa. A proposta é baseada nas ideias de autores que defendem a relevância de elementos como a subjetividade e a emoção do pesquisador durante as etapas da pesquisa. O artigo está dividido em três partes. Na primeira é abordado o conceito de Metodologia da Pesquisa. Em seguida, são analisados os conceitos de motivação, com auxílio de teóricos da área de Psicologia. Na parte final do artigo, são unidas as duas vertentes já abordadas e a motivação é apresentada como elemento fundamental para que o pesquisador realize e conclua seu projeto de pesquisa, não apenas seguindo as exigências metodológicas, mas também o tratando como uma tarefa prazerosa e compensadora.



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Veja no Conteúdos Educacionais excelentes conteúdos para inovar na educação

Suas apresentações mais dinâmicas e criativas
Usar apresentações de slides em aula é uma maneira eficiente para orientar a exposição oral e introduzir ilustrações e imagens que deixem os conteúdos mais claros para os alunos. E agora, um novo recurso pode deixar suas apresentações mais interessantes ainda: o plug-in pptPlex para o programa PowerPoint 2007.
Um plug-in é um programa que traz novos recursos ao programa original e trabalha em conjunto com ele, ampliando sua funcionalidade. O plug-in pptPlex foi desenvolvido pela equipe do Office Labs, que tem como missão experimentar novas idéias e conceitos, além de protótipos para incrementar os produtos da Microsoft. 


Sobre objetos de aprendizagem:
http://www-usr.inf.ufsm.br/~rose/curso3/cofre/atividades.htm 
http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/sala_de_aula_objaprendizagem.asp
http://rived.mec.gov.br/site_objeto_lis.php
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/
http://www.dicas-l.com.br/educacao_tecnologia/educacao_tecnologia_20070423.php
http://especializacaotecnologiasemeducacao.blogspot.com/2007/08/objetos-de-aprendizagem.html 

21 de jun. de 2012

Onde EaD é realmente um desafio


Cheguei recentemente de uma das viagens mais desafiadoras que já fiz.

Este relato é um dos mais emocionantes da minha vida profissional. Com direito a tempestade amazônica.  Espero que gostem e conheçam como se faz Educação a Distância, onde "distância" é um substantivo bem experimentado. Mas, não vou falar nada de projetos educacionais, ações, técnicas, tecnologia aplicada à educação, nem inovações em Educação a Distância. Sinto muito se você veio aqui para saber sobre isso. Vou falar de sentimentos.

"Negósseguinte":
Fui escalado para compor uma banca examinadora de Trabalho de Conclusão de Curso em um município do Amazonas, chamado Maués. É uma cidade muito pequena, mas muito famosa no Estado por ser chamada "a terra do guaraná". Fica quase nos limites do Pará, distante de Manaus 268 km em linha reta e 356 km por via fluvial.

As praias são lindas, mas fui na época da enchente, quando as praias ficam totalmente sob as águas, o que de forma nenhuma tira a beleza da orla fluvial. Veja fotos das praias da cidade neste link: http://oeldoradoeaqui.blogspot.com.br/2010/08/maues.html

No entanto, Maués também sofre com a violência (há muitos casos de drogas na cidade), com a falta de infraestrutura melhor (pouquíssimos hotéis de boa categoria, para uma cidade turística), e com urbanização ainda muito, mas muuuito precária.


A ida foi rápida, para as "superlatividades" amazônicas: quatro horas de carro até Itacoatiara (aquela cidade do meu texto "Isso é passeio?") e, daí, mais quatro horas e meia em uma lancha chamada "expresso", bem mais veloz que os barcos que fazem os trajetos nas cidades do Amazonas. Um total de oito horas e meia viajando, aqui onde moro, é pouquíssimo tempo.

Mas o que quero destacar é o empenho de um aluno que, sendo de Maués, mas em tratamento quimioterápico em Manaus, fez um esforço hercúleo para estar lá, na prova presencial e na defesa do TCC. Quem não é do Amazonas não tem a "micromínima" noção do que é se deslocar entre as cidades por aqui, muito menos em uma situação daquelas.

A esposa dele, também componente da equipe de TCC, foi aos prantos com os elogios que receberam da banca examinadora, talvez por ver tanto esforço recompensado, em uma situação das piores possíveis. E olha que os elogios não foram pela situação que enfrentavam, nem tocamos no assunto. O trabalho deles estava bom mesmo. A banca recomendou a publicação.

Isso me fez meditar mais sobre as desculpas que damos quando não queremos ou achamos que não podemos fazer alguma coisa. Estou com uma gripinha agora que está querendo me desanimar. Acho que tenho que aprender muito com aquele moço. O olhar dele me causava alguma coisa, queria me dar uma lição.

Então, me reportei há uns quase vinte anos, quando fui a outro município, bem mais longe de Manaus, em literalmente do outro lado do Estado (sabiam que cabe o Nordeste inteirinho dentro do Amazonas?) chamado Benjamin Constant. Fui fazer cobertura jornalística de uma formatura da Universidade Federal do Amazonas e me pediram para fazer uma entrevista com uma moça que durante todo o curso, uns quatro anos, ia e voltava de Benjamin ao município onde morava, com sua filhinha de menos de um ano nos braços.

O que há de especial nisso? Ela ia e vinha de canoa, mais de sete horas de viagem todos os dias, com um bebê no colo, em rios perigosos, por necessidade de vencer na vida. Vou parar por aqui, se não, vou às lágrimas.

Voltando à minha aventura em Maués, também fiquei triste por ver que as cidades do interior são tão contrastantes com Manaus, a sexta economia do Brasil. Muita pobreza, poucos recursos, e os que existem, servindo a poucos donos de grandes empresas.

Depois de dois dias de trabalho intenso pelas madrugadas adentro lendo TCCs, fiz um pequeno passeio, dei uns mergulhos no rio e esperei a hora de voltar. Embarcamos e vimos Maués distanciar e desaparecer nas margens do rio Maués-Açu.

Eram 5 da tarde. Trinta minutos depois, o sol já escondido por trás das árvores, uma parte do céu fica azul, e outra parte completamente sombria. Uma gigantesca alaranjada nuvem (diria "terabaite" nuvem) de tempestade se formou. Era uma mistura de admiração e medo. Eu nunca tinha visto uma nuvem daquelas, parecia uma pintura gigante.

 O Céu a  bombordo

e aqui, o céu a estibordo

A tempestade caiu e tivemos que navegar bem devagar. Meu companheiro de banca, com um GPS, dava todas as coordenadas de nossa viagem. Felizmente, durou menos de uma hora quele aguaceiro.

A noite seguiu estrelada, mas muito escura, com várias luzes de casas dos ribeirinhos. Sinceramente, eu não sei o que faz uma pessoa construir uma casinha em um lugar daqueles, naquele meião de rio e floresta, onde para se ir ao vizinho tem de ser de canoa ou barco. O curioso eram os postes de luz que surgiam da água, levando o "Luz para todos". Aqui, acolá, há uma casinha dentro d'água com sua lâmpada acesa. Pelo menos, diminuía a sensação de solidão naquele breu.

Bom, a viagem foi tranquila, tanto que, quando cheguei em Manaus, já estava desacostumado com a correria da capital. Na próxima semana estarei em Florianópolis, em um evento de Educação a Distância. Tive um artigo aprovado para apresentar lá. O título do evento: “Desafios para o futuro da EaD”. O título do meu artigo: "Uma viagem onde EaD é realmente um desafio".

Depois desta viagem, acho que tenho conteúdo para falar. Mas, na realidade, me recolho na minha insignificância: percebi que quem deveria estar em Floripa, falando de desafios, não era eu, era aquele rapaz da quimioterapia.

18 de mai. de 2012

Língua enrolada

Ah, as peculiaridades da nossa língua. Acho tão legal algumas coisas nela que resolvi comentar. Os enganos, singularidades e regras que ninguém sabe são meu cardápio neste texto.

Primeiro, os enganos. Tenho percebido que muita gente emprega a palavra "luxúria" no sentido de nababesco, de gente que só pensa em viver e exibir uma vida luxuosa e não se importa com a miséria do mundo. Aliás, é feia a palavra e o sentido pejorativo de nababesco, mas gosto desta palavra, rsrs.

O verdadeiro significado de luxúria não tem nada a ver com luxo. É a atração pelos prazeres carnais, lascívia, sensualidade. Ou seja, o pecado da luxúria não está relacionado a riquezas, mas ao sexo promíscuo.

Segundo engano: a palavra "pródigo". A parábola do filho pródigo deixou uma confusão de sentidos, e hoje muita gente pensa que é o filho que vai embora de casa. Pródigo significa esbanjador, que gasta mais do que pode, que gasta irresponsavelmente. Mas a fama de filho "abandonador" (este termo é meu) foi tão grande que pródigo acabou virando sinônimo de "desnaturado".

Agora, as singularidades. Na realidade, uma palavra plural que é singular: "quaisquer". Digam-me se existe outra palavra com o "s" do plural bem no meio. Veja bem: o plural de "qualquer" não é "qualqueres", é "quaisquer", o "s" divide a palavra bem no meio.

Palavras que só falamos no plural há aos montes: óculos, cócegas, parabéns, férias. mas, "quaisquer", desafio a quaisquer uns de vocês a me encontrar outra igual a ela.

Outra singularidade: é possível se escrever um texto perfeitamente compreensìvel apenas com palavras que comecem com a letra "P". Veja este blog e comprove: http://escl79.blogspot.com/2009/05/singularidades-da-lingua-portuguesa.html

Agora, as regras. Ou melhor, a falta delas. Há coisas na língua portuguesa que usamos muito bem sem precisar das regras, porque, quando vamos tentar entendê-las, vai dar é um nó na cabeça e a gente pode acabar desaprendendo. Uma das coisas que mais me encuca: eu sei usar "está" e "estar" mas eu não sei explicar a regra, tenho é preguiça, porque pra mim é uma chatice: tente trocar o infinitivo é blá-blá-blá... A forma flexionada blá-blá-blá. Taí uma coisa que aprendi sem entender a regra, e me fez muito bem. Esta, literalmente, foi uma exceção à REGRA. Falar em exceção, pra quê tanta letra para um fonema só?

A maldição do Gerúndio

Sabe aquela coisa que depois de feita, parece não lhe largar?
Alguns dias atrás postei sobre o que eu achava do gerúndio (se quiser, leia aqui: O gerúndio está sangrando). Escrevi que não lembrava de ter ouvido muito as pessoas falarem "vou estar ...ndo", porque eu não ouvia mesmo.

E continuo dizendo: se eu estou dizendo, eu estou dizendo, e, não, "a dizer". Mas, também escrevi que eu prefiro "eu vou estudar", a "eu vou estar estudando". Claro, eu não sou tããão "desgramaticado" assim.

Bom, não sei se foi castigo, mas, de lá pra cá a maldição do Gerúndio me persegue. Quase todo dia agora eu ouço um "estar ...ndo". Agora mesmo, ao telefone, falando com uma atendente da Net, ela me disparou dois "...ndos":

"Vou estar enviando"

e

"O Sr. pode estar confirmando".

Uns dois dias aí, uma atendente de uma universidade me falou outro "estar confirmando", e houve mais uns dois "estar alguma coisa ando", que eu não lembro muito bem...

Acho que nessa sexta-feira vou estar passando na sessão do descarrego!

Já fomos mais inteligentes

Foi o comentário do Carlos Nascimento no Jornal do SBT (clique e veja a matéria) sobre a enxurrada da mídia no tal caso de estupro no BBB, e sobre a Luiza que já voltou do Canadá (país que eu acho um exemplo).

Sem eu ter visto a matéria do Jornal do SBT, postei um comentário no Facebook exatamente a respeito dos dois casos. Disse que, talvez, se o cara do BBB e a Luiza falassem do que fizeram a Cidinha Campos, o Dom Manoel Edmilson da Cruz e a Amanda Gurgel, que não estão no Canadá, estes três conseguiriam ver seus atos surtindo efeito na nação. Pra mim, eles sim, são as celebridades a serem amplamente exploradas pela mídia. Leiam meu texto "retrospectiva 2011", pra ver o que eles fizeram.

O problema é que o povo dá mais ênfase a um texto inócuo de comercial e a um treco do BBB. Muita gente gostaria de ver repercutir até dar resultado no país a coragem do que esses três fizeram, eu sei, mas o que eles fizeram não tem a mesma "graça" da Luiza nem do BBB, não são interessantes para a mídia. Já pensaram se o povo todo se movimentasse num: "Cria vergonha, Brasil", como se movimenta nessas futilidades? A maioria do povo realmente é alienada, ou será que fiquei muito chato?


11 de mai. de 2012

Haitianos:
sobrevivência não escolhe emprego

Considero que estou vivenciando um momento histórico-social-humanitário na minha cidade. Um fenômeno de imigração que mudou a paisagem humana (se é que existe esse termo) na minha vizinhança: cerca de cinco mil haitianos estão em Manaus. E cada vez chegam mais.

Eles são sobreviventes de um país destruído por um terremoto de dimensões das catástrofes Holywoodianas. Chegam e são acolhidos por uma igreja católica, responsável por "gerenciar" a vida deles por aqui. Parabéns às pessoas da Paróquia de São Geraldo, que estão pondo em prática o que Jesus falou: "fui estrangeiro e me acolheste".

Fico imaginando as imaginações deles. Perderam família, casas, trabalho, escola, tudo. Saíram de uma vida, não sei se boa, mas dramaticamente traumatizada. Fico imaginando, mas contraditoriamente não quero nem pensar o que é viver o que eles viveram por ocasião do terremoto e a expectativa do que a vida vai lhes trazer.

Em Manaus (Foto: Internet)

Lentamente estão conseguindo emprego aqui, já os vemos como frentistas em postos de gasolina, ajudantes de pedreiros, atendentes. Bom é saber que Manaus tem se tornado abrigo, mas algumas coisas me deixam assombrado, quando vejo notícias de desumanidade.

(Foto: Internet)

"Crianças presenciam o estupro de suas mães por coiotes", li em uma manchete na Internet. É de fazer a gente desacreditar no ser humano. Dá vontade de soterrar esses suejitos sob os escombros do Haiti. Só Jesus na minha vida.

E esse não é o único tipo de humilhação sofrida por quem já veio de uma destruição. Dia desses li um comentário sobre os trabalhos que estão sendo conseguidos para os refugiados: "esses haitianos só vieram aqui tomar nossos empregos".

Fiquei indignado, e ao mesmo tempo questionei: se esse cidadão que falou isso mora aqui, não passou por um terremoto, não passou as dificuldades desse povo, e não conseguiu emprego como eles, alguma está errada, e não é com os haitianos.

- É que os haitianos não escolhem empregos - disse a Cleise, minha esposa.


No Haiti (Foto: Internet)


Em Manaus (Foto: Diario do Amazonas - D24AM)

Com certeza. Estou literalmente vendo isso: Quase todos os dias eles estão com suas pastinhas de documentos andando pra lá e pra cá, num reinício de vida. Mas não vejo ninguém da terra fazendo o mesmo.

Enquanto muita gente aqui se queixa de não arranjar um emprego, mas "não aceita qualquer um", aquele povo, que sabe o que é "sofrimento coletivo", está vindo, conseguindo suas carteiras de trabalho e construindo uma nova vida. De qualquer forma, por ser uma cidade que está acolhendo os haitianos, parabéns, Manaus. Esperemos que todos tenhamos uma vida mais digna

3 de fev. de 2012

Professor: dispensável

Creio que fui dispensado de uma universidade particular, há uns seis anos, porque dei notas reais para meus alunos de Oficina de Redação.

Por misericórdia, dei nota 5 para eles, a mínima para passarem. Raríssimos, acho que só um, aliás, sabia escrever bem. Outro, muito bom na área dele, tecnológica, era péssimo na escrita. Perguntei-lhe se houve prova de redação no vestibular que havia feito.

- Sim, professor, eu fiz a lápis, e eu sei que 'tava' cheia de erro e passei.

Desconfio da minha despensa porque fui chamado para uma conversa com a coordenação do curso, na qual me perguntaram o que significavam aquelas notas. Falei a verdade: os alunos não sabiam escrever. Não havia como dar notas melhores. A conversa ficou nisso. Dias depois, vi em minha conta corrente uma quantia inesperada. Descobri que havia sido dispensado: era minha rescisão. Até que veio a calhar. Pagaram tudo direitinho.

Meses depois encontrei outro aluno. Ele me disse que o único professor com aula boa era eu, "e ainda mandam embora", lamentou.

Então, o problema não era eu, realmente. Vivia ouvindo de meus alunos que eu era um dos melhores professores lá. E eles eram inteligentes, na área deles. Não posso dizer que eram ignorantes. Eu, por exemplo, era mais ignorante na área da tecnologia do que eles, mas, na redação... Se eles não aprenderam a escrever em toda a vida escolar, que dura pelo menos onze anos, não iriam aprender tão rápido agora, em dois meses, com apenas 32 horas de aula.

Assim, descobri que o professor é o único profissional que, por se empenhar pela qualidade da sua produção, é totalmente dispensável para a empresa.

1 de fev. de 2012

O Gerúndio está sangrando

"Tudo o que você ouvir, esteja certa, ESTAREI VIVENDO"
(Gonzaguinha)


Não sou gramático, nem linguista (sem o trema fica esquisito), por isso a opinião aqui é puro comentário de quem pensa que sabe escrever. Não é uma apologia ao uso exagerado do gerúndio, é só uma observação.
Alguns professores e gramáticos, que respeito, não o suportam. Falam como se ele fosse uma praga. O consideram tão nocivo, que esquecem de mencionar: não usarás o gerúndio DEPOIS do verbo no infinitivo e, de preferência, usá-lo-ás apenas no presente. Pelo que eu sei, os mandamentos do gerúndio se resumem nesses dois. E pronto. Não acho motivo para condená-lo.
Sinceramente, não lembro de ter visto muita gente "estar falando" nem errando tanto assim. Nem o pessoal do Telemarketing. Agora, se o sujeito não sabe o verbo no infinitivo, aí sim, temos um problema, que não é culpa do gerúndio. É um caso do ensino e da aprendizagem, da educação que vem se arrastando no país. Igual ao termo "que", que repeti sete vezes até aqui, mas agora estou com preguiça de corrigir, além da pressa em publicar o texto. Mas o "que" fica pra depois. Vamos ao que me intriga: a aversão ao gerúndio.
Se ele existe, deve ter alguma função. Eu sei que ele pode ser substituído em algumas frases. "Hoje vamos aprender" é bem melhor que "hoje vamos estar aprendendo". A frase fica menor, entendível, o que pra mim é ótimo, pois, quanto mais direta, melhor. Mas, em alguns casos, não vejo um substituto. Considero um certo exagero se execrar tanto o gerúndio como alguns fazem.
Tomando liberdade de usá-lo, por exemplo, agora, digo que estão FAZENDO tempestade em copo d'água. Não é melhor do que "estão A FAZER tempestade em copo d'água"? A não ser que você seja português ou de um país que se fale o português de Portugal.
Acho estranho quando instalo algum programa no PC e o aviso diz: "A completar a instalação". Seria mais familiar se fosse "completando a instalação". Afinal, não é isso que está acontecendo (ou seria "está a acontecer"?) naquele momento: a instalação não está sendo completada? Ou a instalação estaria a completar?
Gerúndio é questão de tempo, lugar e ocasião. Em outras palavras, contexto. Exemplo: Eu estou escrevendo este texto agora (aliás, digitando). Se eu disser "eu escrevo este texto agora", pode sugerir que a partir deste momento quem vai escrever sou eu, em oposição a que outra pessoa escreva.
Vejam isso:
"Para sua segurança, este estabelecimento está sendo filmado".
Agora vamos tirar o gerúndio:
"Para sua segurança, este estabelecimento está... ãh... a ser film..., quer dizer... filmamos este estabelecimento". Ok, legal, mas, filmaram quando? Ontem? Eu nem vim aqui. Hoje de manhã? Agora?

E vejam isso:
"Para sua segurança, esta ligação está sendo gravada".
Vamos lá:
"Para sua segurança, esta ligação... ãh... eh... é gravada do começo ao fim".

Hum?

E o que seria de uma das músicas mais lindas da MPB, se não fosse o gerúndio? Tente cantar "Sangrando" de Gonzaguinha, sem o gerúndio! Vamos agora estar fazendo (eheheheh, brincadeirinha), uma experiência: cantar essa música transformando todos os gerúndios. Lá vai:

A sangrar
Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda
Que palavra por palavra eis aqui uma pessoa a se entregaaaaar
Coração na boca, peito aberto, vou a sangraaaar
São as lutas dessa nossa vida, que eu estou a cantaaarrr
Quando eu abrir a minha garganta, essa força tanta
Tudo o que você ouvir, esteja certa, estarei a viveeerrr
Veja o brilho dos meus olhos e o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado, a transbordar toda a raça e emoção...

Então, vai estar indo para o trono ou não vai?

Contanto que não haja ofensas, podem me criticar à vontade. Numa dessas, alguém pode convencer. Se for eu o exagerado, ou se entendi errado, me corrijam, estou aqui para aprender. E aprender, dizem, "a gente aprende errando"... ou seria, "a errar"?